Minha experiência
estética não se trata de algo bom que aconteceu comigo, muito pelo contrário,
se trata de algo triste que mudou totalmente a minha vida, o modo como vejo o
mundo ao meu redor e como penso.
Há dois anos, um dia após
o natal de 2010, recebi a triste notícia do falecimento da minha avó, mãe da
minha mãe. Nesse dia passei pela experiência mais triste da minha vida e, mesmo
querendo esquecê-la, me lembro de cada detalhe como se tivesse acontecido
ontem.
Antes de vivenciar esse
tipo de dor, eu nunca havia passado por algo parecido. Nunca havia perdido
alguém tão próximo à mim, alguém que fazia parte do meu dia a dia e que me
trazia uma alegria indescritível.
Depois de um tempo,
percebi que o que aconteceu comigo acontece com todo mundo um dia. A vida é
assim, nada é para sempre.
Vivemos cada dia
achando que nada vai mudar, que tudo continuará como está e que sempre teremos
o amanhã para fazer algo que nos dê vontade ou que nos faça feliz. Nunca
paramos para pensar no que está acontecendo ao nosso redor, deixando de
aproveitar os pequenos momentos, para depois perceber que são estes momentos
não planejados que realmente importam e nos fazem feliz.
Na maioria das vezes,
deixamos as coisas mais simples passar despercebidas pois temos aquela certeza
de que amanhã veremos as pessoas que amamos ou que teremos outras oportunidades
para dizer como nos sentimos ou fazer aquilo que nos faz feliz. Estamos tão
acostumados com essa rotina que, querendo ou não, nossa atenção e noção de
tempo nos é roubada por essa segurança de que teremos um amanhã.
Apenas quando algo
trágico nos acontece e a nossa zona de conforto é abalada passamos a enxergar a
vida como ela realmente é e percebemos que nada dura para sempre. A partir daí,
percebemos que todas as coisas que planejávamos fazer ou deveríamos ter feito
com as pessoas que amamos tornam-se impossíveis.
E então vem a dor,
aquela dor de um amor perdido, de um amigo que não se tem mais, de um parente
que nunca mais irá se ver. Uma dor misturada com tristeza, com saudade, com uma
enorme incerteza do amanhã, aquela dor de um vazio deixado pela pessoa amada.
Nessa
hora, todos os momentos bons e ruins convividos com essa pessoa passam a ser de
extrema importância. Você deseja voltar no tempo, deseja ouvir sua voz, sentir
seu toque e seu cheiro só mais uma vez, deseja mudar o modo como a tratou em
algum momento de sua vida e, acima de tudo, deseja ver essa pessoa só mais uma
vez, para poder dizer tudo o que não foi dito ou para abraçá-la e não soltar
mais.
Com
o passar do tempo, a dor vai amenizando, deixando aquela saudade infinita,
mantendo a memória de todos os momentos felizes que vivemos e, quando
lembramos, vem aquele meio sorriso aos lábios e os olhos enchem de lágrimas,
lágrimas de felicidade misturadas com saudade e um amor inexplicável. E é nesse
momento que passamos a entender que tudo o que vivemos foi o suficiente para
ficar registrado na memória, para se tornar imortal e nos fazer agradecer todo
o tempo que passamos ao lado de uma pessoa incrível.
Essa experiência me fez crescer de uma maneira
incrível. Agora enxergo o mundo com outros olhos e tento viver da melhor
maneira possível, aproveitando ao máximo cada momento que passo ao lado das
pessoas que amo. Mesmo sendo uma experiência triste, acredito que teve seus
lados bons, pois percebi que aprendemos muito com a dor.
Ana Carolina Maramaldo Cassiano
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