ESPETÁCULOS DA MENTE
Fiz dez anos de aula de ballet, desde meus três anos de idade. Essa experiência estética não aconteceu apenas uma vez, mas se estabeleceu principalmente nos festivais de fim de ano, nos quais eu me apresentava no Teatro Municipal de Araraquara, minha cidade natal. Lembro que os objetos me marcavam, pequenos detalhes como caixas de maquiagem, retalhos de fantasias, sapatilhas enfileiradas. As cores, as pessoas, aqueles cenários todos maravilhavam minha cabecinha infantil. A música pode ser cor também, e nessas apresentações todos os sentidos se ligam em um só, a sensação é indescritível. Por mais que a maioria das músicas não fossem cantadas, não tinham letras, elas eram bem expressivas e muito marcantes. Sem contar as fantasias, que me faziam sentir como o personagem e esquecer da realidade. Em alguns minutos, eu entrava no cenário e consequentemente atuava, dava asas ao meu lado lúdico. Quem dança é mais feliz, porque a dança proporciona uma sensação de felicidade e liberdade. Para uma criança então, tem ares de brincadeira. Era como se eu me deixasse conduzir no ritmo de uma bela melodia, sem preocupações e até com certa inconsequência. A dança relaxa, seduz e atrai e é por isso que digo que essa é uma das minha experiências estéticas mais completas, pois eu me impressionava e sentia cada detalhe desses "shows", que com certeza me ajudaram a ser quem sou hoje. Dançar com certeza é perceber com os sentidos.
Natália Elias

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